combustíveis

Preço médio da gasolina deve passar de R$ 7 em Santa Maria

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
Antes do aumento: alguns postos de Santa Maria já começaram a registrar aumento de clientes na tarde de quinta

Francine Boijink, Felipe Backes e Marcos Fonseca

A gasolina e o óleo diesel vão pesar bem ainda mais no bolso dos consumidores a partir desta sexta. A Petrobras anunciou, na quinta, um novo reajuste depois de quase dois meses sem acréscimos nos valores. O litro de gasolina nas refinarias terá elevação de 18,86%, passando de R$ 3,25 para R$ 3,86. Em Santa Maria, os consumidores irão pagar acima de R$ 7 por litro, podendo ultrapassar a casa dos R$ 8.

O reajuste do diesel também será bastante salgado: 24%, saltando dos atuais R$ 3,61 para R$ 4,61. Isso na refinaria, porque, nos postos, passará de R$ 6. Na quinta à noite, diversos postos registravam filas de motoristas que buscavam abastecer com os preços antigos.

O gás de cozinha também sofreu reajuste de R$ 10. O botijão deverá custar entre R$ 108 e R$ 129 na cidade.

Os pesados aumentos são consequência da guerra entre Rússia e Ucrânia. O conflito fez o petróleo internacional ficar bem mais caro no mercado internacional. Segundo a agência de notícias Reuters, executivos da Petrobras buscavam aprovação do governo para aumentar os preços porque a defasagem entre os valores internacionais do petróleo e as cotações locais do combustível seria de de 30%.

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Devido à diferença entre os preços lá fora e no Brasil, a gasolina subirá R$ 0,61 por litro nas refinarias. Nos postos de combustíveis, o aumento deve ser de R$ 0,54, devido à mistura do etanol, que, em princípio, não sobe.

NA CIDADE
Em Santa Maria, a gasolina custa, em média, R$ 6,61, conforme levantamento da Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) feito entre 27 de fevereiro e 5 de março. O litro mais barato é encontrado a R$ 6,17, enquanto o mais caro, a R$ 7,85 (veja no quadro). Com o reajuste anunciado pela Petrobras, a gasolina custará, em média, R$ 7,15 para os santa-marienses. Ao praticar o reajuste pelo preço mais caro na cidade, o litro poderá chegar a incríveis R$ 8,39.

Ao colocar na ponta do lápis, o motorista perceberá a diferença na hora de abastecer. Para encher um tanque com capacidade de 50 litros, comum na maioria dos carros, será necessário desembolsar R$ 357,50, em média. Até ontem, era possível encher o mesmo tanque com R$ 330,50 - R$ 27 a menos. Mas, se o consumidor optar pelo posto mais caro, a conta chegará a R$ 419,50.

DIESEL
O diesel, que alimenta o transporte no país, é que terá o maior aumento, com elevação de R$ 1 nas refinarias. Na bomba, o aumento deve ser de R$ 0,81, devido à mistura do diesel com biocombustível.

O impacto no preço do diesel para os consumidores de Santa Maria será ainda mais estridente. Conforme a ANP, o valor médio do litro passará de R$ 5,86 para R$ 6,67. Os preços devem variar, após o aumento, entre R$ 6,30 e R$ 7,70.

ECONOMISTAS DEFENDEM ALTERNATIVA AO PETRÓLEO
A magnitude do reajuste dos combustíveis surpreende economistas. O professor da Universidade Franciscana (UFN) Mateus Sangoi Frozza diz que o aumento é fruto de uma demanda represada de cerca de dois meses sem alterações no preço e do encarecimento do barril de petróleo no mercado internacional por conta da guerra entre Ucrânia e Rússia. Os russos estão entre os maiores produtores do planeta.

- Os russos vão reduzir a oferta de combustível e vender a preço alto. Por isso, o preço do barril de petróleo está alto. Eles vão vender para poucos clientes. Vão controlar. É um dos poucos setores onde os russos têm soberania - explica Frozza.

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Além do impacto direto no bolso, o aumento do preço nos combustíveis vai afetar toda a cadeia produtiva.

- Vai chegar na bomba. É ruim para todos. Tanto para a distribuidora, quanto para dono de posto e consumidor. Não tem beneficiado - argumenta.

São poucas as alternativas viáveis. Frozza descarta um congelamento de preços.

- A Petrobras é uma empresa de capital aberto. Se o preço for congelado, o acionista não ganha dividendos. E o que sustenta hoje a Petrobras é o acionista. É uma empresa rentável na Bolsa de Valores - aponta.

ANTES E DEPOIS DO AUMENTO
Confira os valores da gasolina, do diesel e do gás de cozinha em Santa Maria, 
conforme levantamento da ANP feito entre 27 de fevereiro e 5 de março, e quanto devem custar após os reajustes em vigor a partir desta sexta-feira:

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FONTE DE ENERGIA
Uma solução paliativa seria um subsídio no preço pelo governo federal. A longo prazo, o especialista defende investimentos em outras matrizes energéticas para diminuir a dependência de petróleo da economia brasileira. Essa é a visão, também, do consultor econômico e professor universitário Alexandre Reis. Segundo ele, a guerra na Ucrânia é uma demonstração do quanto é necessário que se acelere a busca por meios alternativos de energia e de tecnologias que afastem a dependência pelo petróleo.

Reis diz que, mesmo que não seja o ideal a longo prazo, subsídios acabam sendo alternativas avaliadas como saída neste contexto também de retomada econômica no pós-pandemia, ao ser levado em consideração o impacto no bolso das famílias.

- Mas a gente está vivendo um período bastante distinto, que é essa questão da guerra, que afeta os setores de fertilizantes e do petróleo. Não vejo outra maneira de não ter esse pacote. O governo vai ter que fazer uma intervenção forte na Petrobras para fazer essa regulação de preço. E, posteriormente, fazer com que o mercado enxergue isso como uma questão extremamente pontual, específica e que, ao longo do tempo, se altere, para que os preços de mercado se perpetuem sem subsídio - comenta Reis.

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O professor lembra que os reajustes de derivados do petróleo não são exclusivos do Brasil, estendendo-se também a países europeus, como Portugal, com a média do litro de gasolina estando em cerca de R$ 12, pelo fato de ser um problema global. Porém, no país, há uma limitação em relação às opções de transporte, fazendo com que o impacto seja maior tanto para as famílias quanto para as empresas.

- Ficamos muito reféns do petróleo. Então, temos que buscar tecnologias, formas diferentes de transportar mercadorias. Temos que acelerar isso também, que vai ser importante para longo prazo - completa Alexandre Reis.

SENADO APROVA PROJETO PARA BAIXAR PREÇOS
O Senado aprovou, na tarde de quinta, o Projeto de Lei (PL) 1.472/2021, que altera a forma de cálculo do preço dos combustíveis, além de criar uma Conta de Estabilização. Esse fundo funcionará como um mecanismo de amortecimento contra flutuações do preço do petróleo no mercado internacional. O objetivo é reduzir o valor dos combustíveis nos postos e evitar a oscilação constante de preços para o consumidor. Agora, o projeto segue para a Câmara.

O PL estabelece diretrizes da política de preços na venda de combustíveis e derivados do petróleo. São elas: proteção dos interesses do consumidor, redução da vulnerabilidade externa, estímulo à utilização da capacidade instalada das refinarias, modicidade de preços internos e redução da volatilidade de preços internos.

 

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